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Via nas letras o jeito singular de as domar sobre a linha desbotada, quase despercebida, ainda assim presente para impôr limites que o sentir amado recusava cumprir. Domadas e contrariadas, quando a vontade que tinham era de voar altas, bem acima do mal ou então de tombar e, desequilibradas, abaixo da linha morrer, que às vezes é a queda que dá mais sentido à vida. Via as hesitações e as certezas, as palavras leves baças e mais as que carregava, carregadas de carvão, de saliva e carregadas de si, da angústia, do instinto, da confissão, do grotesco e do nada, disformes de susto-bomba, os riscos-pressa, de boca aberta inacabadas, amputadas.
Como pode o amor aceitar que a repetição é cansaço e enfado se adivinha alienação e urgência, e percebe o espaço a fechar, a margem da folha que oprime, percebe o tempo que foge vestido de lama, pesado, esfarrapado, com bolhas de sangue nos pés, ainda assim foge, tem que fugir, as palavras aguadas, as aguarelas de triste cor afogada que ficam ( as voltas da escrita seguem o íntimo ritmo e é assim que a gota cai, infunde o medo, "morro já em ti", não, é aqui que vives, a mão no peito ). Pois não ficam, as palavras vão, vieram já, na força da gravidade que fez da gota rio ou fez da gota lago e com ela diluídas vão subterraneamente, as palavras, até outras paisagens, nessas paisagens se revelam a esses olhos que as resgatam da água e reanimam, os olhos que amam a intimidade nua exposta uivante, nas pontas dos dedos que o corpo urge sentir, amam a coragem de quem se entrega vulnerável exaurido e pronto a sucumbir, se a isto chegarmos para de nós mesmos fugir e se assim for preciso para em outros continuarmos a existir. Amam, amam e esperam, esperam no medo o fado.
Instante perfeito, o que ela lia, aquele em que, prometido e contra tudo, a terra os uniria e enfim juntos renasceriam.