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"Fim de Linha", fotografia de Torradaemeiadeleite - Porto.
Bem me pareceu que ia saber a pouco... Acaba-se agora o dolce far niente e era, de facto, doce.
Até já ruralidade e olá urbanidade!
Confesso, porém, que para mim estas facetas não se anulam, antes se completam. A proporção que cada uma detém no meu ser é que é diferente.
Portanto, é com resignação mas com projectos em mente ( e não são necessariamente imediatos... ) que encaro o dia-a-dia que por aí vem.
Espero-vos já ali "ao virar da esquina" para uma torrada e meia de leite na mesa dum bom café citadino. Até já!!
Fotografia de Torradaemeiadeleite.
Nos últimos dias iniciei um inventário fotográfico da minha terra. É modesto, sem dúvida, mas almejo conseguir mais testemunhos e, no final, obter um registo suficientemente interessante também para o meu filho consultar e até acrescentar, se for do seu agrado... Gostava de ter empreendido este prazer mais cedo, muito património encontra-se já degradado e outro irrecuperável. As imagens que a mente guardou e que, de vez em quando, traduzo em textos cumprem uma função maior quando não há registos fotográficos.
Apazigua-me, porém, a ideia de ainda ir a tempo de registar muitos outros valores. Esta fotografia é um exemplo disso mesmo. Um pouco na continuidade das "Imagens de Centeio", este moinho de água ilustra tantos outros, com pequenas variações aqui ou além, que hoje em dia se encontram desactivados, mutilados ou em completa ruína.
Ainda em Março último estas pedras moeram centeio e todo o interior e exterior se encontram cuidados e íntegros.
As teias de aranha não passavam despercebidas porque nelas se exibiam ainda os restos da farinha fina, como um lençol branco imaculado estendido em repouso.
A luminosidade da tarde filtrada pela minúscula janela, única fonte de luz do moinho, conferia-lhe uma nota de solenidade e nobreza respeitável, própria daqueles que se apresentam como os últimos redutos do fazer antigo.
Ainda há portas sem chave, como esta que se abriu vezes sem conta ao bem comunitário e o fará outras tantas, espero eu, ao respeito de quem a transpõe para espreitar pequenos tesouros.
Fotografias de Torradaemeiadeleite.
Entre braços de terra e num colo de águas oceânicas encontrámos esta ilha galega. Do seu recorte nascem ambientes singulares e da sua Natureza assimilam-se odores, cores e sons tranquilizadores.
A Ilha de Arousa casa com sabedoria o ser agitado e fresco do Atlântico com a familiaridade e brandura do continente.
Se fugirmos do lado mais concorrido para guarda-sóis e toalhas, defronte aos montes galegos e nos embrenharmos nos trilhos ladeados por pinheiral, rumo a oeste, deparamo-nos com o lado mais sedutor da pequena ilha.
Aqui sujeitamo-nos mais ao temperamento e humores do oceano e também aqui me demoro em fotografias quase sôfregas. Inspirada pela calma das pequenas enseadas e pelas ofertas que as águas deixaram nas areias, vou caminhando cada vez mais para longe e, no final, percorri um trajecto de 3,6 km. De permeio, um ambiente distinto, o dos pinheiros altos e escultóricos, chão de caruma e pinhas abandonadas, dunas suaves e odor resinoso. Aqui e acolá sobreiros de pequeno porte acrescentam singularidade a este lugar.
Seguem-me os passos as aves que por ali se fixam ou descansam de outros voos, inspiro a essência de mar e de pinho, das algas naufragadas e das diversas plantas que atapetam o terreno.
Os pequenos areais, com milhões de conchinhas brancas esmagadas pela erosão, convidam-me e não resisto a caminhar sobre eles. Ao largo, pequenas embarcações vão passando e adivinha-se a sua preciosa carga: peixe, marisco e bivalves.
A tarde vai já no fim, as cañas mataram a sede e os pratos de mexilhões revelam o vazio das conchas negras amontoadas.
Fica a vontade de lá voltar.
Fotografia ( 2007 ) encontrada em pesquisa na net .
Porque em férias as minhas emoções vêm também da China, não podia deixar de felicitar Nelson Évora por ser de ouro o seu querer!!
O novo Campeão Olímpico de Triplo Salto representa as nossas ( suas ) cores aquém e além fronteiras desde 2002. Foi bonito o seu salto e a sua determinação rumo a um resultado dourado... Foi bonita também a sua emoção mesmo antes do último ensaio, quando já sabia que era campeão e bonitas as palavras para a câmara que o acompanhava na volta ao estádio: "obrigado, Portugal!"
Obrigada, Nelson!!
Fotografia de J.B.
Fugir à ditadura do relógio, como eu referia no último post, pode trazer efeitos secundários memoráveis... Quando nos é dada a liberdade de escolher o que fazer com as nossas horas podemos deparar-nos com caminhadas iluminadas apenas pelo luar e, claro, iluminadas também pela boa companhia...
Os luares mais fantásticos que alguma vez presenciei foram os de Janeiro mas, de vez em quando, os de Agosto roçam a beleza daqueles!
Claro que os nossos olhos captaram mais do que era permitido à nossa máquina fotográfica, mas não resistimos a algumas experiências.
Dêem o devido desconto ao nosso amadorismo e à quase ausência de luzes artificiais ( que a meu ver, confere ainda mais encanto... ) mas sirvam-se desta imagem para testemunhar esta caminhada e, se quiserem, adoptem as minhas impressões.
Imaginem-se então, já noite dentro e após percorrer um caminho íngreme, no alto dum penedo granítico: observem o relevo montanhoso à vossa volta, ora abrupto, ora suave e sintam o vento fresco que fustiga o rosto desprotegido. Uma lua generosa beija campos, árvores, giestas e estradas estreitas ao longe. As aldeias pequenas e toscamente espalhadas estão silenciosas e as estrelas ( tantas!.. ) teimam em lembrar-nos a nossa pequenez ... Agora juntem as conversas bem humoradas, alguns tropeções e picadelas de tojo e polvilhem com os vossos desejos...
Noites assim vestem-se também de nostalgia e saudade, sobretudo quando o que vêmos à nossa volta é o nosso chão e o dos nossos antepassados. Fazem-se balanços e tecem-se previsões, renovam-se as vontades e alimenta-se a esperança num amanhã bom...
Fotografia de Amelia Luz ( PressPhoto - Agência Europeia ).
Escolhi esta imagem para declarar aberta a minha época de férias!!
Férias de algumas coisas, as mais rigorosas, responsáveis, aquelas que habitualmente me chamam para a realidade... De outras, como este blogue, não consigo fazer férias. Pelo contrário, desperto ainda mais para aqueles assuntos que normalmente ficam em segundo plano e não pretendo agora privá-los de protagonismo.
Quando vi estes balões pensei em liberdade e leveza: livre da ditadura do relógio e leve porque as preocupações ficam "em terra" ... Aaaahhhh e a cor! Quero mais cor e menos cinzento...
Além disto, nesta imagem não há mar nem areal, tal como nas minhas férias, mas há montanhas, campos e estradas sinuosas que me levam para sítios que não conheço. Pois claro está, o campo mais do que a praia, faz-me bem e renova aqueles sonhos que me movem durante o tempo de trabalho.
Deixo-vos para já a viajar nestes balões e, como dizia o Sr. "Arnaldo Soares das Neves", I´ll be back... ( soon, acrescento! ).
Fotografia de Torradaemeiadeleite
Hoje, como em diferentes dias ao longo deste primeiro ano, relembro-te mais uma vez e relembro as circunstâncias da tua partida num Agosto de rosto triste também por outros motivos...
Esta fotografia, tirada em Julho do mesmo ano, diz muito de ti e dos que te mimavam mas acrescenta agora o simbolismo das tuas costas voltadas para mim e faz pleno sentido...
Apenas sinto que devo escrever... desculpa!
Alguns filmes surpreendem-nos porque conseguem reinventar algo já muito filmado ou explorado, neste caso um ícone da banda desenhada: Batman.
Não vou demorar-me com a parte visual ( arrebatadora! ) do filme como os efeitos especiais ou a fotografia, nem com as óptimas prestações dos actores, o bom ritmo a que se desenvolve a história, o suspense, o humor negro, a génese de novas personagens, os gadgets mirabolantes,...
Quero salientar sobretudo a filosofia e a psicologia desenvolvidas ao longo do filme "The Dark Knight".
Porque "há pessoas que só querem ver o Mundo a arder" e não são o vilão clássico destas aventuras, movido por ganância ou qualquer desejo de pura vingança, assistimos a um Joker que pretende fazer dos que o rodeiam um palco de experimentações emocionais e sociais. Tem como objectivo maior conseguir provar que até o melhor dos homens pode tornar-se o pior dos vilões. Quanto a mim, consegue-o!
Nem Batman é o super-herói comum, aquele que fica sempre bem na fotografia. Ele é definitivamente a figura pronta a desempenhar o papel mais conveniente e necessário em dado momento para que os cidadãos de Gotham City usufruam do Bem e da Justiça. Mais do que um herói nesta nova história ele é um protector, o guardião dum futuro bom.
Para além desta faceta, surge agora mais vezes o homem por detrás da máscara, com sonhos pessoais, dúvidas e medos.
Uma das frases do filme revela uma das mais-valias do mesmo, tendo em conta o género da película: "por vezes, a verdade não é suficientemente boa ". Podemos ou não concordar com ela, mas faço a sua transposição para o mundo "real", dos jogos políticos e diplomáticos, da psicologia de massas, da memória colectiva, abarcando até o nível das nossas histórias pessoais... dá pano para mangas!
Não tinha pensado, à partida, que um filme do Batman me iria pôr a pensar em algo mais sério, mas importa saber que não faltam razões para o ver ou revêr.