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Fotografia "googlada"...
Ciência e poesia não navegam em águas separadas... Eu já desconfiava mas ontem deparei-me com um exemplo mais prático e directo dessa simbiose: um rio voador!
Não o vi a correr sobre a minha cabeça mas conheci-o num cantinho da internet que se chama "Ciência Hoje".
Quando li "rios voadores" lembrei-me de Mia Couto, esse ser talentoso que a Biologia compartiu com a literatura, parecia uma expressão tecida por ele ( penso que quem conhece a sua escrita compreenderá este flash que acorreu à minha memória... ).
Em todo o caso, era duma investigação científica que se tratava e, numa terra abençoada pela Mãe Natureza como é o Brasil, não podiam faltar rios que, em vez da terra, habitam os céus e que se deixam conduzir por benfeitoras correntes de ar...
Percorrem longas distâncias e distribuem a humidade gerada massivamente na Amazónia ( abençoada fotossíntese! ) por paragens naturalmente mais secas no Sul e Sudeste brasileiro.
Os rios voadores da Amazónia estão a ser estudados quanto à sua origem, percurso e longevidade. Já neste ano foi possível confirmar fisicamente o seu trajecto e proceder então ao seu mapeamento, bem como à recolha de amostras para análise química nos mais diversos pontos do percurso. Para o conseguir foram "apenas" necessários um laboratório relativamente simples a bordo dum pequeno avião, cientistas empenhados e um piloto muito experimentado.
Os resultados serão divulgados em 2009 mas já se adivinha o impacto que o aquecimento global pode exercer sobre este poético fenómeno e a urgência em abrandar o ritmo e a extensão da desflorestação amazónica. Estes fluxos de vapor de água podem inclusive secar de forma irreversível.
Nunca tinha ouvido falar destes rios tão peculiares mas a imagem dum curso de água serpenteando pelo ar conquistou-me definitivamente. Admiro a Natureza e invejo também as cabecinhas que fazem poesia em tubinhos de ensaio...