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Fotografia de Torradaemeiadeleite.
Aninhada nos ramos arrepiados, vê a dimensão duma natureza adormecida que faminta recebe ainda raios pobres de Sol. E espera. Espera tranquila pelo seu reinado nocturno enquanto a distância esconde pormenores de madrugadas geladas.
Muitos seres a admiram, adivinham-lhe as formas prenhes que o passar dos dias lhe vai trazendo e sob o luar luminoso, pendendo do ninho de carvalho, confundirão madrugadas com alvoradas.
Por entre giestas jazem ainda os fentos quebrados e molhados, húmus desorganizado, atolado de camadas de vidas mortificadas e outras que laboram todavia, anónimas, disfrutando dos humores da superfície. Jazem folhas como telas desiguais, pintadas com cristais, escondidas nas sombras que as tardes de Inverno tornam eternas e nas fendas das pedras informes que outros gelos desenharam paulatinamente.
Tudo se aquieta nesses abrigos que o vento não descobre. A luz rapidamente se despede, tivesse ao menos aquecido a terra.
A vida flui porém, subtil, quase invisível, resiste ao frio até que, daqui a muitas luas, chegarão os sinais dum renascimento.
Aninhada nas folhas novas e macias, verá a Lua a dimensão duma natureza acordada saciando-se de auspiciosos raios de Sol. E esperará. Esperará, sempre tranquila, o seu nocturno reinado.